Dance of wolves

sábado, 13 de junho de 2009

Análise e interpretação da poesia "Áporo" de Carlos Drummond de Andrade!


ÁPORO
1- Um inseto cava

2- cava sem alarme

3- perfurando a terra

4- sem achar escape.
5- Que fazer, exausto,

6- em país bloqueado,

7 - enlace de noite

8 - raiz e minério?
9 - Eis que o labirinto

10 - (oh razão, mistério)

11 - presto se desata:
12 - em verde, sozinha,

13 - antieuclidiana,

14 - uma orquídea forma-se.


Antes de mergulhar na complexidade poética para fins de análise e interpretação, costumo pesquisar a biografia e contexto histórico do autor! Primeiro, porque até mesmo como escritora sei o quanto é dificil fugirmos de nós, mesmo tendo a palavra como arte e em segundo, por acreditar que o "ambiente" (tempo, espaço) influência a arte, não é tudo, mas ajuda.

Áporo a primeira lida, sem antes saber quem foi seu criador e de qual contexto histórico pertence, parece-nos coisa ilógica, provavelmente de um louco que não sabe o que diz e não tinha o que dizer. Contudo, ao descobrirmos que foi escrita por Drummond, visto que é considerado um dos maiores escritores brasileiro, pensamos, há alguma sabedoria oculto em meio a confusão. Vejamos por partes, é uma poesia pequena, mas que muito diz !


Decifrando o código ÁPORO!


A palavra "áporo", possui três significados: Nome de inseto, orquídea e é um termo utilizado em filosofia e matemática para designar um problema difícil, algo de complicada solução.

Reparem que os três significados atribuidos pela palavra estão contidos no poema, versos 1, 5,6 e 14!


O inseto cava, cava sem alarme... será mesmo um inseto? ou seria uma metáfora?

Observem as linhas 5 e 6, em especial : "pais bloqueado", o que seria este inseto?

Provavelmente, um inseto que esta passando por uma fase obscura(enlace de noite) a qual é profunda(raiz) e dificil, duro como uma rocha( minério), uma situação a qual sente-se preso e sem forças para lutar contra ela. Contudo, ápos tanto cavar(tentativas), eis que o inseto consegue desatar-se, ou seja, encontra ao menos um fresta. observem o jogo que há entre os verbos: "enlace" e "desata", prender e soltar-se, estar livre! Já na linha 11, eis o desfecho do mistério, "presto", é sujeito e não verbo, logo quem seria o tal presto? pensem....

Drummond, usou o "presto" como alusão a um grande guerreiro, ou seja, a Luis Carlos PRESTES! Ao que sabemos da história, Prestes foi considerado um grande revolucionário durante o período militar, a famosa Ditadura. Nos três últimos versos, em especial o último, que há uma esperança é que esta, mesmo que sozinha e sem lógica, visto que Euclides foi um matemático, considerado o pai da lógica, logo "antieuclidiana", sem lógica a orquídea(esperança) forma-se anunciando nova época, anunciando a tal sonhada liberdade, o fim da censura!

Para quem acha que acabou, engana-se, vejamos o que nos diz a estrutura. Em primeiro, percebe-se que há ausência de pontuação nos 4 primeiros versos, oh! my good! Será que Drummond não sabia pontuar? Lógico que sabia, e tanto que a ausência da pontuação é extremamente significativa, ou seja, no caso, faltou um vírgula e ao que sabemos ela indica não somente pausa, como também confere sentido ao que dito. A ausência da vírgula no texto remete exatamente a algo contínuo, sem pausa, cava, cava sem descanso, desesperado, sem ao menos tempo para respirar!

Voltemo - nos neste átimo ao 2º verso, observem, ele guarda um outro enigma, uma alusão em forma de cacofonia, encontraram? SEM ALARME, em verdade a soma das duas palavras formam o nome de um grade escritor Francês, vocês podem até achar que foi por acaso, contudo, como sempre digo: contexto histórico e biográfia do autor fazem muita diferença! Ah! ainda não descobriram? Isso mesmo, o poeta citado e por assim dizer, homenageado por Drummond, trata-se de Mallarmé. Mallarmé, antes de falacer solicitou a esposa e a filha, que estas queimassem todos os escritos dele, ou seja, não queria eternidade, almejava o silêncio! Sendo assim há uma grande proximidade, em relação a esta síntese da história de Mallarmé, com a poesia de Drummond, poís um quer o silêncio, quando outro pretende dele se livrar! Não, elas não queimaram nada, graças!
Quanto a sonoridade, fica por conta de aliteração e assonância, ou seja, repetição de vogais e consoantes, reparem como a consoante "s" repete-se ao decorrer do poema, é como se o inseto aflito "zzzzzz", percorre-se todo ele!


Considerações finais:

Esta poesia está contida no livro " A rosa do povo", que é considerado um dos melhores livros do autor(para mim o melhor) e que marca a fase social do mesmo! O poema foi escrito durante o período militar e creio que Drummond deve ter rido a beça por não ter sido pego pela censura! Grande gênio!

Aguardem a próxima análise ou solicitem alguma!




Sairá
Que as forças do ódio
Venha como ópio embriagar-me
Que as chamas do rancor
Façam-me renascer das cinzas
Evoco assim minha Ira.
Menina maléfica.com
Com a noite nos olhos
E a lua crescente, como uma foice a sangrar-lhe o peito.
Deixo sangue jorrar.
Mergulho neste mar rubro
Onde poseidon repousa em catalepsia
Quase morto de anemia
Ele não pode me ajudar
Se nesta hora sobrevivi
Qual vêneno ainda tenho que provar?
Se nem a morte quer me afrontar!
Se de sede não morrerei
Mergulhada neste mar!
Nesse estado estátua
Corrompi as forças da natureza
permanecendo-me intacta
Sou mais velha que as esfinges
mil anos comprimidos em vinte
que a fraca força do tempo não me atinge.
Sou metal.
A metáfora mais perfeita foi forjada do aço
A chamaram de alquimia
Somente para me ocultar
Somente para não ofuscar
A inveja cega o olhar alheio.
Me amem como não sou
Me odeiem como sou!
pois, pouco me importa ser a flor mais formosa
colhida antes de brotar
Narciso morreu de tanto se olhar
Se a felicidade não pode ser tudo
Não me contento com pouco
Morrerei embriagada em meu vêneno
Mas, somente quando me cansar
Não durmo para não ter que sonhar.
Se pensas que estou louca
Não sabes o que é loucura!
Nem tente entender
Que meu ódio velará por você.
Todas as palavras habitam em meu ser
Qual a página da minha vida
Você quer esfoliar?
Qual história irá contar?
A hipocrisia veste-se em seu olhar.
Desnude-me e não poderá me enxergar
Sou feita do pó o qual você é alérgico
Não irá respirar
Morrerá em meu ser
Meu ódio avisou você
Jogastes as chaves das portas dos ouvidos neste teu podre coração?
Morra infame
Me alimente de prazer
Com o arrependimento acenando em seu olhar
Dê-me sua vida como troféu
Que os céus cairão em sua cabeça
Com mil anjos canibais, com asas de urubus
Agora só, vou me deitar
Nas espumas deste mar de amarga glicose
Nos lençois destas areias, coberta de estrelas
A fênix repousa em paz
Cansei e jaz.

Quem sou eu


Altamente subjetiva, abitolada em poesia, pertificada em sinestesia, simbololista antes do nada!ar, fogo, água, éter e terra!Para muitos uma chata desenfreada, para outros um não diz nada com nada e para poucos loucos um desafio, cansei-me de rima com sufixo "ada"!
ultra romântica ao quadrado,slpeen desgoverdado, egocêntrismo apaixonado, olhar contemplativo sufocado, submissão um barco naufragado.
Chega também do "ado", não gosto mesmo de rimas perfeitamente emparelhadas, parnasianismo é a minha favorita piada, metrificado em vasos chineses, arte da beleza externa, tão vazia como o interior do vaso que pintam em palavras mal formatadas de um furto clássico, o qual percorreu por vias nunca dantes navegadas!
Sou também tal como um sapo modernista que gosta de boa farra, pentelha, saltintante a todos instantes gente nobre de fino trato, porém uso prosa fora de contexto, papo de feirante e pescador, contudo nem estes entendem, porque o sapo não foi fazer farra no brejo! Quando não penso em nada geralmente estou escrevendo trova em línguagem não arcaica, não há quem não se encante, só não dito uma agora, porque estou pensando!
Inutilia truncat, demais é exagero, clero, clero, clero, exagero!Pérola imperfeita, muito brilho para poucos expectadores, Bach!!!Demais é exagero, delimito-me, ouro demais não há colírio que vença, nem mesmo se for alucinogeno!
Falando em colírio, uso lupa de vez em quando, miscoscrópio as vezes quero ver a realidade do real e não a capa que o encobre. Tenho a ciência por vezes como guia, afinal, é preciso fudamentar a palavra, jogar a culpa em quem descobriu primeiro algo semelhante que eu!é natural, sou também naturalista antes mesmo de realista!
Me chamam por vezes "arte da palavra", estou em tudo, contradizendo e maldizendo a mim mesma, estou até mesmo em lugares sem ser convidada, por não condizer ao esperado, como aqui, por exemplo! Entretanto, muitas vezes não notada, permaneço em festas mesmo calada, como um sorriso moldurado de braços cruzados
!